O grafiti risca a folha
branca, risca deixando rasto, que por mais que apagado seja, na folha fica a
sua marca. Assim é o passado a presença de uma passagem.
Eu não escolho por onde passo,
antes a vida me escolhe a mim,
Dá-me chave e alicate, ou então faz-me parafuso,
E as coisas já estão feitas assim.
Tanta gente, gente e mais gente,
Que ainda ontem de cá saiu e que hoje por cá estará, assim Deus o queira.
Hoje eu digo-te como foi. E amanha, amanha o que dirás? Direi o que a mim um
dia disseram, por respeito e tradição, mas acrescentarei um pouco para mostrar
ter aprendido a lição.
Assim testemunhando e construindo, lendo, vendo, vivendo, refletindo, e outras
coisas que as palavras nunca dirão. Por impulsos, por crenças, por desejos, por
medos, por todos os sentimentos reprimidos, oprimidos por julgamentos, num
tempo onde já nem o ceu é o limite. Para onde nos fugiu o entendimento… E as
mentiras? E as verdades? Até quando vão ser precisas para nos guiar, para nos
proteger…De quê? Dos outros com quem quero falar e não falo nem sem bem porquê.
Já conheci muitos e dos muitos que conheci… Quantos números são eles? Quanto
deles é que são números?
Quantos estilos, marcas, cores e feitios gostáva eu de conhecer? Vou onde a
vida me levar.
A ampulheta está partida de lá de dentro soltou-se a areia, que deixou de ser
medida, e o tempo se desfez, nunca mais vais ser minuto outra vez, mas que
caus, já não posso dormir sem saber quando acordar.
Imprevistos, improvisos, importunos.
Dispenso o indispensável, o dinheiro está-se a partir como vou dormir, sem
saber quando acordar.
Como posso saber o que é, o que foi, ou o que será? A não ser que a mim minta e
nessas mentiras acredite, feixe os olhos desvie a atenção. Perco a luz da razão,
entro na escuridão, num labirinto sem saída do qual nunca sairei,
mesmo tendo sido eu que o criei.
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